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segunda-feira, 24 de junho de 2013

A injusta disparidade de dois mundos

Esquecerei o futebol nas próximas linhas. Na última quinta-feira tive uma das experiências mais intensas como jornalista. Enquanto Salvador se preparava para receber seu primeiro grande evento pré-Copa do Mundo, a cidade fervia com os protestos da população contra os milhões gastos com a Fifa, dentre outras revindicações. E pude estar dentro desses dois mundos tão díspares.
Depois de tudo o que aconteceu nos jogos Pan-Americanos de 2007, passei a ser contra a Copa no Brasil. A Fifa “alugou” o país e vomitou seu caderno de exigências para que pudéssemos cumprir. A maioria dos políticos, que já adoram superfaturamentos, aceitaram tranquilamente. Os dois lados sairam ganhando nesta negociata. Menos o povo.
E foi no meio do povo que fiquei por quase uma hora, ao lado de Bruno Queiroz, repórter da CBN Salvador. Perto da Avenida Centenário, no início do Dique do Tororó, sentimos a pulsação das manifestações. Jovens estudantes e senhores que viveram a época da ditadura no Brasil. Muitos gritavam “sem violência” para os policiais, mas minutos depois foram recebidos com bombas de efeito moral. Uma truculência desnecessária, mas retrato de um país que não está preparado para ser grande.
Sair do mundo das manifestações para chegar ao “planeta Fifa” exigiu uma caminhada de quase dois quilômetros. Próximo à Arena Fonte Nova, o clima já era de tranquilidade. Muitos guias, pessoas simpáticas, sorrisos no rosto. Parecia que nada acontecia no mundo vizinho. Impressionante.
E impressiona também a organização dentro do estádio. Beira a perfeição. Quase tudo funciona. Obviamente que tudo tem seu preço (R$ 6 por uma garrafa de água, por exemplo), mas agradava a maioria dos que estavam lá. Mais de 26 mil pessoas foram ao estádio para ver Nigéria x Uruguai, duas seleções desconhecidas do público baiano. Muitos só conheciam Forlán, Lugano e Suárez, mas não estavam nem aí, afinal, tudo era quase perfeito.
Esse mundo perfeito acabará em julho do ano que vem, e o mundo das manifestações permanecerá. Daí eu preferir viver no segundo do que no primeiro – porém, nossos governantes precisam trazer o “padrão Fifa” para ele, deixar de gastar bilhões em estádios e entender que a nossa Copa é outra.

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NA ESTRADA DA VIDA

Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
E ter paciência para que a vida faça o resto...

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