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terça-feira, 22 de julho de 2014

CRÔNICA: PALANQUES E PALCOS - Rangel Alves da Costa*

Rangel Alves da Costa*


Os palanques já estão definidos, as alianças confirmadas, os candidatos escolhidos. O mês junino acendeu muita fogueira e as brasas ainda estão crepitando no meio político. Os mapas de apoiamentos foram redesenhados, há uma nova geopolítica delimitando as ações. Verdade é que ainda não foram apagadas as mágoas daqueles que não foram atraídos ou que agora são tidos como traidores. Mas assim de todos os lados, vez que a acomodação dos palanques exige tomada de posições conflitantes.
De qualquer forma, mesmo que nos lados opostos estejam políticos que ontem viviam abraçados e jurando amor eterno, de agora em diante todos se armam para uma verdadeira guerra, onde não há limites para agressões, mentiras e xingamentos, numa verdadeira estratégia de desonrar até a primeira raiz de cada um. Sempre foi assim e assim sempre será, vez que o esquecimento e o ataque são as principais armas dos contendores que chegam ao campo de batalha como verdadeiros santos. E os rivais como anjos caídos.
Nestes tempos de guerra, seria de grande utilidade que alguém comandasse uma exposição acerca da recente memória política sergipana, contendo fotos, propaganda impressa e televisiva, não podendo faltar aqueles santinhos com candidatos e apoiadores abraçados e sorridentes. Somente assim a população eleitora, de reconhecida memória curta, reencontraria os inimigos de agora em verdadeiro enlace matrimonial, os desafetos de agora alardeando a honradez e santidade do outro. Nos programas eleitorais, um embelezando a imagem do outro; nas caminhadas e viagens todos unidos em santa missão. Até ali o pacto inabalável, a força da suposta amizade rumo à vitória. Mas de repente.
De repente se reconhece a outra face no outro. Quando apoiava tudo bem, mas como adversário não vale um tostão furado. Difícil acreditar, mas quem agora é achincalhado ainda ontem era a dignidade em pessoa, quem agora é o pior para o estado ainda ontem somava em prol do verdadeiro desenvolvimento. Quer dizer, basta ser adversário para passar a não valer nadica de nada. Porque hoje não soma é imprestável e, se eleito, será a vitória do atraso. Certamente tudo isso já foi dito e repetido, mas novamente será ecoado, e hoje já nas conversas pessoais e amanhã em todos os meios de propaganda.


Algum assessor direto ou alguém de proximidade e confiança dos candidatos a governador bem que poderia segredar-lhes algumas lições. Baixinho para não espantar, apenas na medida para avivar a memória, diria que não adianta prometer demais, vez que ninguém mais acredita em promessa mirabolante, principalmente vinda de político candidato. Até poderia ser mais incisivo e dizer que pode mudar a reza e a ladainha, pode desde já ir pensando em fazer uma campanha eleitoral com mais propostas verdadeiramente realizáveis e menos ataques pessoais.
E diria também que não adianta mais aquela velha e sempre desacreditada cantilena que representa a mudança, a transformação, o novo, e muito menos que precisa de mais um voto de confiança para fazer muito mais. Ora, político esquece que sua feição já é conhecida não pela sua imagem, mas pelo histórico de outros que sempre repetiram o mesmo e acabaram denegrindo até o retrato futuro. Ora, se realmente quer se apresentar como algo novo e promissor, então que comece com uma nova maneira de fazer política.
E ainda diria que não adianta mais fazer campanha política denegrindo a imagem dos adversários, maculando cada um desde os antepassados, vez que todo mundo sabe dos impropérios apenas momentâneos e dos laços afetivos que os uniam até serem adversários. Além disso, é perigoso demais um político abrir a boca para falar que o outro é corrupto, gosta de usurpar da coisa pública ou qualquer outra coisa no intuito de desonrá-lo. E é perigoso demais porque não se deve apontar a feiura do adversário sem primeiro se olhar no espelho.
E ainda lhe sopraria a fábula do político e da máscara. Sim, aquela mesma contando que havia um político que não conseguia se apresentar diante do povo se não estivesse utilizando uma máscara. De tanto ser visto assim, somente através daquela camuflagem falsamente festiva, o povo sequer se lembrava que talvez existisse outra face debaixo daquela fantasia. Mas um dia, diante de uma multidão, e quando o político mais necessitava daquela falsa aparência, eis que um maluco se aproxima e puxa-lhe o disfarce. E na verdadeira feição estava a mesma máscara. Moral da história: de tanto fingir não lhe restava mais a feição pessoal, mas apenas a de mascarado.
Por fim, diria que a verdadeira postura de um candidato não é a de mercador de sonhos mirabolantes nem de transformação da realidade em fantasias extravagantes. Tal qual o eleitor, deve ter os pés no chão; igualmente o povo, deve reconhecer a existência de pedras e espinhos. Mas que é possível caminhar e vencer os desafios. Basta ter a sensibilidade suficiente para reconhecer a existência de labirintos medonhos e jardins que precisam ser regados. E jamais repassar a ideia que tem poderes mágicos para tudo transformar em verdadeiro paraíso.
E assim porque o povo, mesmo que se deixe iludir por promessas, reconhece o candidato de face limpa e de cujas palavras sobressaem alguma verdade.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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