Cuidando Bem da Sua Imagem

Cuidando Bem da Sua Imagem
Sistema Base de Comunicação

GIRO REGIONAL

GIRO REGIONAL
UM GIRO NO NORDESTE

quarta-feira, 18 de maio de 2011

POLÍTICA DE COMPROMISSO

Enquanto esperava por ela 
Passavam crianças empinando pipas
Homens comentando política
Mulheres falando de moda
Cachorros latindo
Mendigos pedindo esmola
Padres rezando
Putas vendendo o corpo
Promessas vendendo a alma.

Enquanto esperava por ela
Crianças viravam adultos
Homens se desiludiam
Mulheres dormiam maltrapilhas
Cães adoeciam
Mendigos morriam de fome
Padres se perdiam de Deus
Putas apodreciam
Promessas entregavam a alma ao demônio.

Enquanto esperava por ela
Adultos envelheciam
Homens morriam
Mulheres também morriam
Cães nem mais existiam
Mendigos jaziam em covas rasas
Padres renegavam a fé
Putas se suicidavam
O demônio sorria.

Um dia, enfim, ela resolveu vir.
Bateu a porta, mas a porta se calou.
Chamou meu nome e o silêncio se fez saber.
Adentrou a casa tateando o escuro
e o escuro não me deu a ela. 
Procurou minha cama e a encontrou arrumada. 
Vasculhou cômodo por cômodo e, 
diante da inexorável ausência, 
atordoada, 
sentou-se na poltrona empoeirada e, 
enquanto revivia lembranças, 
eu vagava por onde me fora dado não ser:
agora fazia parte do cosmo.

Crônicas: Vida de político ou vida de novela?

  
  A vida de político ou de quem vive de política parece ser bem fácil. Imagina-se que se desfrute do bom e do melhor, afinal, trabalha-se com dinheiro público (muito dinheiro público). Daí, os cidadãos comuns acreditam que os políticos usarão legalmente esse erário.

     Mas, em alguns lugares desse imenso Brasil, a relação entre eleitores e políticos mais parece uma novela: há confusão, manifestação, intrigas, reclamações, cobranças, greves, casos extraconjugais... Os motivos? O não repasse de dinheiro, desvios de verbas, excesso de contratações, ou seja, há de tudo um pouco - começar as eleições é o mesmo que iniciar as gravações de um programa televisivo: câmera, luz e reinvindicação.

     Numa cidade de Minas Gerais, por exemplo, durante certo tempo, existiu um prefeito, dono de terras e mais terras. Sua administração girava a favor dos outros latifundiários: era um “pacto de sangue”. Se não fossem beneficiados, praticamente gritavam para o prefeito: - sua vida me pertence! Honre a sua palavra, pois valorizanos a nossa, ou você acha que nós temos duas caras?

     O tempo passa. Tudo muda. A vida sofre modificações. Surge a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) uma espécie de “estrela-guia” para o controle da aplicação das verbas públicas. Os prefeitos, vereadores e políticos em geral, que usam o dinheiro do povo de qualquer modo, enfiam o “pé na jaca”, encontram-se como um “bicho do mato” numa cidade grande. Para alguns políticos, botar a mão no dinheiro público “vale tudo”. Porém, com base na LRF, usaram errado o dinheiro, sofrem a punião da Justiça.

     Alguns não se importam com isso: mergulham “como uma onda” no dinheiro; não estão nem aí para a “água viva” ou outros bichos do mar. Bom mesmo é gastar em bares, botequins, com “mulheres apaixonadas”, não por eles, mas pelo dinheiro. Ou depositar em contas desse Brasil, num verdadeiro “paraíso tropical” ou outros paraísos mundo afora. Assim, o dinheiro passeia, vai longe, faz aquela “viagem”. Mas, se alguém delata, denuncia, é um “Deus nos acuda” sem fim. Por outro lado, todos têm de gritar aos quatro cantos do mundo esse ou qualquer outro “cambalacho”.

     Há quem faça da política um vínculo empregatício - para si e para toda a família, o chamado nepotismo. Há de se reforçar os “laços de família”. No princípio, “éramos seis”, agora somos seiscentos. A política é assim: “trazparente”. As pessoas reclamam, denunciam, procuram o Ministério Público, a Justiça, que funciona como a “senhora do destino”: mandou é lei. Se não cumprir, é praticamente o “fim do mundo”. E o Ministério Público esclarece: roubar dinheiro público é crime nessa “selva de pedra”. Dinheiro é isso: um “pecado capital”.

     Mas, existem políticos sem compromisso com o povo. As pessoas querem aumento de salário e eles dizem: isso é um “desejo proibido”, povo. Nós, políticos, podemos ser tudo: de um simples vereador a um grande “rei do gado”. Nas campanhas, vamos às suas casas, “queridos amigos” e entre “pão, pão, beijo, beijo”, enganamos vocês. Vocês e nós nos transformamos em “cobras e lagartos”. Usamos o seu dinheiro, gastamos tudo e, vocês, bobos como são, ainda têm “esperança”. Com o seu dinheiro nossa vida fica “beleza pura”. Voltamos quatro anos depois e ganhamos seu voto novamente. Você, povo, é um “vira-lata”.

     Não adianta correr atrás do prejuízo. Ou adianta? Talvez. Não importa se os desmandos caiam como um “raio” na cabeça da “Ana” ou assume a forma de “trovão” na casinha do “Zé”. Político e eleitor vivem numa espécie de “pantanal”. Quem é mais forte nessa cadeia alimentar? E há quem diga que ainda vota “por amor”.

     O correto mesmo é arregaçar as mangas e partir para o ataque. É assim: “toma lá, dá cá”. Nada de se comportar como “gente fina”. Tem que se comportar como uma “fera radical”, que deixou de ser “fera ferida” e assumiu a forma “indomada”. Tem de fazer a política queimar, arder, tal qual “chocolate com pimenta”. É hora de fazer o “jogo da vida” e largar mão das submissões.

     Todos devem ocupar seu lugar ao sol. Ser uma pessoa de garra, de fibra, de determinação. Todos devem alertar a classe política que rouba nosso dinheiro. “Sai de baixo” ou não vai restar “pedra sobre pedra”. Vamos criar nossa “tropa de elite” e fazer valer nossos direitos e ações. chega de usar nosso dinheiro como “barriga de aluguel”! Somos fortes, temos vontade e vamos conseguir reverter esse quadro: é hora de lutar, de mostrar nossos valores e não deixar a política do Brasil se tornar vagabunda ou desacreditada. Afinal, essa terra ainda é “belíssima”.

Como fazer uma crônica


Várias pessoas já me perguntaram sobre como se escreve uma crônica. Bem, não é uma das coisas mais difíceis de se construir, visto que uma crônica é só um relato de um pequeno acontecimento docotidiano. O problema é que ninguém quer parar e observar esse pequeno acontecimento do cotidiano, que acontece todos os dias na frente de todos. Veja bem. É fácil. Se você não tem alma vagabunda, alma de flâneur, do tipo que gosta ficar observando tudo ao seu redor, você pode inventar a crônica a partir de suas experiências. Mas a observação constante do cotidiano é, de fato, o que faz a crônica.
Mulheres são ótimas personagens de crônicas. Convenções e hábitos sociais juntos com as mulheres fazem crônicas melhores ainda. A quebra e a desconstrução destas convenções e hábitos onde personagens do gênero feminino participem do enredo fazem crônicas muito mais que melhores. Por exemplo, não seria genial um pai viajar para encontrar com o filho na cidade onde este mesmo cursafaculdade, e ao chegar, descobrir que o filho estuda muito, não sai a noite, não se envolve com mulheres, e gasta todo o dinheiro recebido com livros ao invés de bebidas e cigarros? Isso para o pai é revoltante! Como esse canalha do filho dele pode gastar todo o seu dinheiro com estudo? Onde estão as mulheres? Onde estão as garrafas de whisky? E o pior, comprar livros às custas dele? Isso é um horror!
Pois é. Isso é uma crônica do Luís Fernando Veríssimo. Genial, não? Quase, para ser genial só faltaram as mulheres. Fazer crônicas é fácil. Basta algum conhecimento da língua portuguesa e alguma prática em redação. Vou provar isso começando a escrever uma crônica aqui mesmo e agora.
Primeiro, criemos dois personagens. Acho que vou me decidir por duas mulheres, elas sempre são imprevisíveis e qualquer coisa pode ser feito por elas. As duas se encontram no meio da rua, são amigas a mais de 10 anos. A intimidade entre elas é visível. Encontram-se e resolvem parar em um café para colocar a conversa em dia. Dessa situação podemos desencadear várias outras. Elas podem ir ao banheiro juntas, ou pode aparecer na porta do café um ex-namorado de uma que a trocou por outro homem, ou podemos até fazer com que um carro entre voando pela vitrine e mate instantaneamente as duas, mas isso não seria bom pois a crônica terminaria precocemente, e essa não é a nossa intenção. Vou me decidir então pela opção de uma delas resolver ir ao banheiro. Como sempre, a outra vai atrás, um hábito social tipicamente feminino. Pelo fato das mulheres sempre irem juntas ao banheiro, alguns deles já são construídos de maneira que cada box tenha dois vasos sanitários, para que as duas possam sentar e conversar enquanto fazem o que tem de fazer.
Um banheiro bonito (e só isso, porque crônica narrativa não tem muita descrição). As duas entram conversando no banheiro. Um fato normal. Uma puxa o batom da bolsa enquanto a outra vai ajeitando o soutién (sei lá como se escreve isso). Até aí, um fato normal da rotina de qualquer mulher. Então aqui, nesta parte em que o texto já está se tornando chato, inserimos a surpresa, o ápice, a virada de mesa da crônica. Paula (é o nome de uma delas) abre a porta de um dos boxes do banheiro e se depara com o seu ex-namorado (aquele que a trocou por um homem) sentado num vaso. Ela solta um grito escandaloso (“Seu sem-vergonha!”) enquanto a outra amiga grita assustada.
Se quisermos, podemos interromper a narrativa aqui e começar outra aparentemente não conectada a nossa história. Atenção. É aqui que acontece a mágica da crônica:
Naquela tarde, Laércio dirigia seu carro tranquilamente pela rua. Tinha marcado de encontrar com seu namorado, Luis, que tinha recentemente assumido sua homossexualidade e largado de sua namorada para ficar com ele. Foi neste momento que um homem empurrando um carrinho de pipocas entra na frente do seu veículo sem perceber o perigo, o que fez Laércio se desviar bruscamente numa guinada de volante, indo de encontro à parede de um café, destruindo todo o banheiro feminino do estabelecimento, matando duas mulheres perto do espelho e um homem vestido de mulher sentado na privada.

SAUDADES

As vezes sento na areia da praia e olhando para a imensidão do mar fico a meditar, e com isso me bate a saudade de um tempo que não volta mais.
Fico pensando em pedir aos amigos mais íntimos, que mandem de vez em quando uma carta, para eu matar a saudade daquela emoção gostosa de ouvir o carteiro gritando meu nome na porta de casa e a ansiedade de saber o que diz a carta. Por preguiça ou falta de tempo, deles só recebo e.mails e alguns cheios de vírus, carta só recebo de bancos ou financeiras me cobrando. Quero sair do ginásio, entrar numa sorveteria e pedir que me sirvam uma Vaca Preta (Coca Cola com sorvete); entrar na padaria, comprar um filão de pão suíço e um litro (de vidro com lacre de alumínio) de leite tipo B. Quero qualquer fim de semana pegar meu Sinca Chambord, sair pela periferia da cidade e ver se descubro algum bailinho nas residências; ir a alguma festa de rua, sentar na barraca do bar e tomar uma cerveja de garrafa, mandar um correio elegante para a primeira mulher que olhar pra mim; ir a pracinha da cidade e praticar o footing (homens andando em volta da praça em sentido horário e mulheres em sentido contrário); quero procurar um armazém de secos e molhados, comprar um litro de feijão roxinho, uma lata de óleo de algodão Sol Levante, uma lata de margarina Matarazzo, uma lata de cera Parquetina, um sabonete Vale Quanto Pesa, algumas pedrinhas de Anil, um vidro de óleo Glostora, um bastão do desodorante Lancaster, um pacote de gilete azul, tomar uma Crusch ou um Grapete bem gelado e sair cantando aquela musiquinha: “Quem bebe Grapete, repete Grapete, Grapete é gostoso demais”!
Quando saio dessa viajem imaginária ao passado, vejo que sou jurássico, porque esse mundo em que vivi não existe e não volta mais.

Tudo Acabou

Vi o mundo desabando em mim
Mil estrelas a cair no mar
Tempestades a surgir no céu
Em minha direção
Fechei os olhos pra não ver
Você ali a me dizer
Tudo acabou
Vi que tudo estava escuro
O sol não mais brilhava, eu juro
Tentei me segurar
Pra não cair ou acordar
Pensei que era só um sonho
Mas era real
Você dizendo adeus
Acho que o chão sumiu
Já não me sentia mais
Tudo em mim era um vazio
Fugiu a minha paz
Vou entender o que aconteceu
O que aconteceu?
Eu parei então pra mim
Disse que não vou mais chorar
Quem perdeu se não fui eu
Por te amar
Se não queres ser feliz
Ao meu lado tudo bem
Se um grande amor se vai

Logo outro vem.

Avoante

Quando o riacho vira caminho de pedra
E avoante vai embora procurar verde no chão
A terra seca fica só e no silêncio
Que mal comparando eu penso: tá igual meu coração
Que nem a chuva você veio na invernada
Perfumando a minha casa e alegrando meu viver
Mas quando o sol bebeu açude inté secar
Quem poderia imaginar que levaria inté você
Só resisti porque nasci num pé-de-serra
E quem vem da minha terra resistência é profissão
Que o nordesino é madeira de dar em doido
Que a vida enverga e não consegue quebrar não
Sobrevivi e estou aqui contando a história
Com aquela mesma viola que te fez apaixonar
Tua saudade deu um mote delicado
Que ajuda a juntar o gado toda vez que eu aboiar 
Ê ê ê boi, ê ê saudade...
Só resisti porque nasci num pé-de-serra
E quem vem da minha terra resistência é profissão
Que o nordesino é madeira de dar em doido
Que a vida enverga e não consegue quebrar não
Sobrevivi e estou aqui contando a história
Com aquela mesma viola que te fez apaixonar
Tua saudade deu um mote delicado
Que ajuda a juntar o gado toda vez que eu aboiar 

Ê ê ê boi, ê ê saudade...

Acordar do Vaqueiro

Bom dia meu povo
Esta é a radio difusora do agreste...
A neblina ta pairando
O cuscus ja ta no fogo
Ta cheirando, ta cheirando...
E tem som no seu radinho
É brucelose
É do gado
É do gato...
Deus, abençoais os vaqueiros
Que vão se acordando
Os primeiros raios solares
Lá na serra apontando
A vacada ta no pasto
Pressa no curral
A biserrada ta berrando... ehhhh...
A vacada ta no pasto
Pressa no curral
A biserrada ta berrando... ehhhh..

NA ESTRADA DA VIDA

Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
E ter paciência para que a vida faça o resto...

AS MAIS COMPARTILHADAS NA REDE

AS MAIS LIDAS DA SEMANA