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sábado, 27 de agosto de 2011

Causos, nascem à beira do fogão a lenha. De preferência com a chapa cheio de pinhão.


CAUSOS E CONTOS


Quem nasceu e até quem não nasceu entre as décadas de 40 e 50 em uma dessas longínquas cidadezinhas do interior do Brasil, sabe do rumo da prosa. Os personagens, na maioria das vezes são reais. Eles fazem parte do folclore da cidade, ali nasceram se criaram e foram os precursores dos causos. Por serem exclusivamente engraçados, os causos, permanecem na memória da comunidade e em qualquer reunião trivial são novamente narrados, provocando o riso descontraído. Eles contém uma singularidade marcante. Trazem os costumes e o sotaque peculiar do homem interiorano muito diferente conforme a região do país. Quem não reconhece pela fala um nordestino ou um gaúcho?
Assim, os causos formaram um universo de pequenas narrações que sempre ajudaram a manter o bom humor de um grupo enquanto reunido, com objetivo de descontrair. Ou para dissipar o stress e “soltar as bolinhas” da tensão do dia a dia, como dizem por aqui.
Na ocasião, alguém resolve tornar esses causos mais longos e mais interessantes, dando-lhes o status de conto. Adicionando ingredientes como fatalidade e tristeza, e eles  passam a compor a vasta modalidade de Literatura consagrada nos confins do Brasil.
Depois de passar pela música, pelo humor, causos consagrados por grandes artistas como Rolando Boldrin e Chico Anísio, com o famigerado "Pantaleão", chega com toda sua magia também aos Blogs.
É o caso do Tabuí e seus causos, escrito com maestria e talento por Eurico de Andrade. O profissional que labuta em uma das mais nobres atividades, a Agricultura, resolve assumir em definitivo uma das suas virtudes, e tornando-se blogueiro, reescreve causos disseminados pela sabedoria popular, transformando muitos deles em contos muito bem escritos. Cuja coletânea muito em breve pretende transformar em livro.
Para confirmar o que eu digo, transcrevo um dos seus “causos” postado em seu Blog:
Raimundo Barbeiro entra na agulha.
     Chegou dia de Raimundo Barbeiro tomar a vacina contra a gripe, à qual o povo dava o nome de vacina dos véio. Bem magrilim, foi animadim procurar a esposa, pensando em dar uma bisoiada na enfermeira loira do hospital.    
     – Muié, cadê minha cardeneta?
     – Tá na gaveta embadapia, home!
     Raimundo tinha as coisas em ordem. Na caderneta, as anotações com relação à sua saúde, da qual cuidava com todo o esmero. Na fila do arremedo de hospital que havia em Tabuí, nosso herói era amigo de quase todo mundo e batia papo com um e com outro enquanto esperava sua vez de entrar na agulha. Entrega sua caderneta pra uma moreninha de branco e fica de butuca esperando ela chamar seu nome. Niqui chega a hora, a moça olha pra ele com o rabo do olho e, parecendo assustada, comenta alguma coisa com a colega loira – a paixão do Raimundo. Olha pra ele de novo e faz um gesto de dúvida. Até que pergunta:
     – Foi aqui memo que o sinhô tomô a úrtima vacina?
     A pergunta aziou o Raimundo Barbeiro. Já tão creno que tô caduco! Isso é o que dá, botá aqui essas moça que nem sabe lê direito, pensou ele.
     – É craro que foi, uai! Causdiquê só vacino aqui, ô sá!
     – Como é memo o nome do sinhô?
     – É Remundo, muié! – respondeu ele, pronto para apelar.
     – Mas é c’aqui tá iscrito vacina anti-rábica e seu nome num é Sadan Houssein?!!!
     Raimundo baixou a cabeça, sem saber onde colocar a cara, tamanha a vergonha que passou, na frente da turma e vendo a enfermeira loirinha dar uma gargalhada. Só aí é que descobriu que pegara o documento na gaveta errada, a do cachorro. Sua desculpa, com sorriso amarelo, falando baixinho no ouvido da enfermeira moreninha, foi:
     – É a droga da minha muié, uai! Ela só apronta bagunça naquela casa, sô! 
Como disse José Saramago, "se o blog é um espaço para a reflexão, não deve surpreender que ilumine aquele que o escreve". Neste "causo", o Eurico propaga o bom humor, que a meu ver é uma virtude. E como tal deve ser cultivado.
Breve retorno sobre o assunto, falando de outro escritor e seus "causos". Refiro-me ao prezado amigo também blogueiro, Rui Morel, criador do Blog "Aprendendo por aí".

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Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
E ter paciência para que a vida faça o resto...

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