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domingo, 27 de julho de 2014

Tabelinha | Marcelo Lomba

Fernanda Varela
Líder nato, Marcelo Lomba é um dos jogadores mais admirados pela torcida do Bahia no atual elenco. Xodó desde que chegou ao clube, em 2011, o arqueiro tem uma identificação tão grande com o torcedor que o fato de ser um “paredão” no gol, em algumas vezes, acaba ficando em segundo plano.
Claro, ser um bom goleiro é fundamental para o sucesso de um time de futebol, mas Lomba é muito mais do que isso. A doação dentro de campo encanta. Os gestos, batidas de luvas e gritos de incentivo que não param durante um minuto sequer da partida acabam contagiando cada torcedor que colore as arquibancadas de vermelho, azul e branco. Difícil não encontrar um tricolor orgulhoso e empolgado com tanto entusiasmo. Lomba, que carrega com orgulho o faixa de capitão do time, sabe contagiar como poucos.
Intenso, o goleiro abriu mão de criar asas e voar para bem longe do Fazendão. Ele escolheu crescer junto com o Bahia e, como não sabe viver nada “pela metade”, o carioca de sotaque forte se doa de corpo e alma para aquilo que escolheu como profissão. Na cabeça, Lomba leva basicamente duas coisas: o filho João, de 3 anos, e o Bahia.
Conectado a tudo o que acontece com o clube, Marcelo Lomba sabe que pode ajudar. Ele sonha alto, espanta qualquer discurso de fragilidade e promete dedicação ao que se propôs a fazer. Junto a tudo isso, ele espera fazer com que os olhos dos tricolores brilhem na mesma intensidade das duas estrelas que carregam no peito.
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Como começou a sua relação com o futebol?

Sempre gostei muito de esportes e participava de tudo: futebol, handebol, vôlei. Mas a minha paixão sempre foi o futebol. Eu gostava de jogar na linha, como um jogador normal, mas quando eu ia para o gol acabava me destacando, porque era acima da média. Quando o time da minha escola (Sagrado Coração de Maria, em Copacabana) tinha alguma competição, enfrentava outro colégio ou participava de disputas entre colégios católicos, eu sempre ia para o gol. A galera gostava e se sentia mais segura. A partir daí foi se criando um rótulo. Um dia, um professor da minha escola me chamou para ir para um clube de futsal chamado Hebraica e foi quando eu comecei a jogar de forma mais séria. Sempre amei futebol, ia ver jogo de futebol no estádio, e foi assim que começou essa paixão que dura até hoje.
E quando você decidiu que futebol seria a sua profissão?
Comecei a jogar por prazer. Quando fui para essa equipe de futsal, comecei a ter gosto pela adrenalina de jogo, de disputa. Quem me ajudou muito a tomar essa decisão de seguir no esporte foi o meu pai, que era muito presente, me levava para cima e para baixo. Ele me ajudou a passar por muitas dificuldades. O futsal, na verdade, foi o meu primeiro passo. Éramos um time pequeno, mas conseguimos nos destacar e, com isso, acabei indo para o CFZ (time do ex-jogador Zico), que é um time pequeno comparado aos grandes do Rio, porque não tem concentração, contratações de gente de fora, nada disso, mas é um time que disputa competições. Em um desses campeonatos fomos campeões, nem sei como, mas fomos. Aí o Zico, até pela proximidade que tem com o Flamengo, chamou quatro atletas para jogar lá. Fui um deles. Foi aí que comecei a virar goleiro de verdade.
E quando você conseguiu fazer o seu primeiro jogo como profissional. O que passou pela cabeça?
Não passa nada. Meu primeiro jogo como profissional foi um amistoso entre Flamengo e Roraima, fora de casa. Tinha muita torcida no estádio, foi muito bom. Foi o Ney Franco quem me deu a minha primeira oportunidade como profissional. Lembro que estava nervoso. Vocês não têm noção da responsabilidade que um goleiro tem (risos). Você está ali tranquilo para jogar, mas ciente de que é um peso grande. Aí você olha para o atacante e o cara está ali tranquilão. Ser goleiro é difícil. A experiência te dá esse controle de saber que pode acontecer de falhar, como pode acontecer de não falhar. Mas no fim das contas deu tudo certo. O Flamengo ganhou e o Ney Franco me elogiou muito. A partir dali, as coisas deram certo para mim.
O que foi mais difícil nesse caminho até chegar onde você chegou?
Eu estudava em um colégio tradicional e vim de uma família de classe média alta, o que no próprio futebol não é muito comum. Então, ao escolher esse caminho eu precisei sair da escola onde estudava e onde as minhas duas irmãs se formaram. E quando você vive em uma sociedade de classe média alta, existe muita cobrança do tipo: ‘você vai se formar em que lugar?’, ‘vai estudar que curso?’. Para ser jogador, eu abri mão da escola boa que estudava e fui para um colégio de nível muito mais baixo. Abri mão de tudo o que a minha família tinha traçado para apostar no futebol como profissão e muita gente não entendeu isso.
Você se arrepende de ter tomado essa atitude?
Não. Eu me formei e entrei na faculdade. Fiz Educação Física até o 4º semestre e só parei porque não tinha mais como conciliar com a vida de goleiro. A minha família cobrava muito de mim que eu fizesse o meu curso e eu realmente gostava, porque sou apaixonado por esportes, mas foi uma escolha que eu fiz. Eu não me arrependo de ter largado, mas claro que seria legal ter concluído a faculdade. Embora tenha seguido outro caminho, eu procuro me diferenciar. Eu sei falar inglês e sempre que posso tendo exercitar. Não sei se vou voltar à faculdade para concluir a graduação, porque depende muito do objetivo que eu tenho quando acabar a carreira, mas penso em aprender algum outro idioma, porque ajuda muito. Tenho alguns planos. Acho que em toda a minha carreira, meu único arrependimento é quando lembro da infância, porque perdemos muita coisa. Desde cedo somos inseridos nessa rotina de jogo todos os finais de semana e acabamos perdendo o elo com os amigos. É uma parte da vida que não vai mais voltar. É difícil quando tem festa em família ou quando todos viajam e você não pode ir, mas foi um escolha que eu fiz.
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Marcelo Lomba e o pai, Rubem (Foto: Arquivo Correio)

Você fala muito do seu pai…

Ele foi um dos que mais me apoiou. Ele se esforçou muito para que eu realizasse o meu sonho. Lembro que, quando eu estava de férias e ia me apresentar no Flamengo, ele chegou a pagar um personal, gastou dinheiro para que eu fizesse treinos específicos e à parte para chegar melhor no time. Ele nunca foi rico, trabalhava como analista de sistemas, mas nunca deixou de fazer nada por mim. Ele fez muitos sacrifícios para que eu conquistasse as coisas.
E o que te desanima no futebol?
Concentração! É uma coisa muito chata. Minha maior luta não é nem acabar a concentração, porque ela é importante em alguns momentos, mas nem sempre é necessária. Em alguns momentos você vê a vida passando. Quando você quer ir para um almoço de família e não pode, por exemplo. Muita gente olha para jogador, acha que ganha bem e tem vida fácil. Quando escolhemos essa profissão, abrimos mão de muita coisa. É difícil, por exemplo, trabalhar todos os dias dos pais. Quando tem uma coisa na escola do meu filho, não posso ir.
O seu filho, João, vai fazer 3 anos, mas já gosta de futebol. Você aconselharia ele a ser jogador ou fugir dessa profissão de jogador?
Eu vou deixar o João à vontade, mas se ele quiser ser jogador, vou deixar claro que é muito difícil. A gente não faz apenas o que gosta e muitas horas, por mais que façamos por prazer, temos que trabalhar por obrigação mesmo. Vou deixar claro que é um caminho de muitas dificuldades, principalmente no início, quando você não tem o lado financeiro, onde a estrutura é muito pior e a chance de chegar onde deseja é remota. Vi muitos amigos meus ficando para trás por lesão, momento, competitividade das equipes. Não posso dizer que não gostaria que ele fosse jogador de futebol, mas eu não queria ter a decepção, como pai, de ver o meu filho tentar e não conseguir. Sei o quanto o meu pai fez por mim, sabe? E vi o quanto foi duro chegar aqui. Tenho esse medo como pai, mas se ele quiser ser jogador vai ter todo o meu apoio. Se for, espero que não seja goleiro (risos).
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Paizão assumido, Lomba brinca com o filho na Arena Fonte Nova (Foto: Marina Silva/Correio)
Você é um dos ídolos da nova geração de torcedores do Bahia. Como é lidar com o assédio?
Peço a Deus todos os dias que permita que eu seja uma pessoa humilde, porque o carinho que o torcedor tem por mim é muito grande. Eu tenho que ter a humildade de agradecer, parar, tirar foto, dar autógrafo e, às vezes, algumas pessoas não enxergam isso. É uma coisa extremamente prazerosa, mas em alguns momentos invade a privacidade. Tenho que passar por cima disso, porque é uma coisa que me deixa feliz, é um trabalho reconhecido. Tento ser o mais atencioso possível e dar atenção a todos, porque é uma coisa muito legal. Quando eu vou à escola do meu filho, por exemplo, é muito legal, porque as crianças nos dão um carinho imenso. É muito divertido.
Você recebe muitas manifestações positivas e críticas em redes sociais. Como lidar com isso?
A única coisa que me deixa chateado é quando as pessoas me criticam não como goleiro, mas de forma maldosa. Me criticar porque soltei uma bola ou falhei em um gol é normal, mas algumas pessoas criticam de uma forma pesada e esquecem todo o carinho que eu tenho pelo Bahia, esquecem que em um momento de folga eu sempre procuro dar atenção a todo mundo. Mas o problema é que eu estou antenado a tudo, eu gosto de ver, acompanho bastante. Tem horas que eu me canso e desligo tudo mesmo, mas adoro acompanhar. Vejo muitas opiniões interessantes e dicas. Vejo coisas que me fazem crescer e que são boas para o clube.
Você não consegue se desligar do Bahia? Nem nas férias?
Não dá. Até rola uma pressão em casa, porque não consigo me desligar disso. Nas férias de fim de ano eu viajei para fora do país e, de lá, eu ficava acompanhando quem o Bahia estava contratando, quem seria o novo técnico ou qual ia ser o novo diretor de futebol. Eu valorizo muito a minha profissão e tento ser muito presente no que eu faço. Quero sempre dar o meu melhor e isso acaba me desgastando um pouco. Eu participo muito e de tudo. Eu sei que sou referência para alguns jogadores, sei que tenho um papel de liderança. Muitas vezes eu faço a ponte de comunicação com a comissão técnica, com reivindicação com a diretoria, ou quando eles precisam de mim para cobrar coisas dos jogadores, além de defender funcionários também. Eu gosto de participar, de estar junto.
Você já chegou a receber muitas propostas. Por que nunca deixou o Bahia?
O Bahia atravessa um momento de transição entre o passado recente o futuro grandioso. Vejo o time nesse meio termo e aposto que vamos conseguir levar o Bahia de volta à tradição, um time que brigava para ser campeão brasileiro. Só que isso requer dedicação e eu quero participar desse momento. Estou no clube há três anos e já vi o Bahia evoluir muito. Hoje já somos mais respeitados e não entramos no Brasileiro como um dos times que certamente vão cair. Além disso, conquistamos dois estaduais desde que cheguei aqui, o que não acontecia há 11 anos. Na ponta do lápis, o Bahia tem evoluído bastante e eu sonho em fazer parte dessa mudança. A minha maior alegria é fazer parte desse legado. É uma coisa que está marcando a minha história e eu faço questão de, quando aparecem outras boas propostas para outros times, valorizar o clube. Faço questão de lembrar o que o time já fez por mim. Se não fosse o Bahia, eu acho que não teria toda essa proporção nacional. No Flamengo eu era apenas mais um da base, aqui eu sou o Marcelo Lomba.
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Você sonha em se tornar um ídolo como o Rogério Ceni foi para o São Paulo ou como o Marcos foi para o Palmeiras? É o seu desejo no Bahia?
Eu tenho construído meu caminho aqui passo a passo. Claro que a cada ano eu avalio os meus planos, que é melhor para a minha carreira, mas hoje eu analiso o momento do clube. Eu sinto a necessidade de estar presente, porque quero construir esse futuro que está sendo construído. Renovei meu contrato até 2017 porque quero participar dessa história, quero ser importante para o Bahia, ajudar o clube a crescer ainda mais.
Qual o seu maior sonho como jogador?
Hoje, o meu maior objetivo dar um passo a mais com o Bahia, seja no Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil ou Copa Sul-Americana. A minha história anda junto com a do Bahia. Está faltando a gente chegar junto. Já pensou o Bahia na final de uma Copa do Brasil? O Atlético-PR, que tem uma estrutura parecida com a nossa, chegou. Meu maior sonho é ser campeão nacional com o Bahia. Quero viver esse sentimento de conquista, de entrar no estádio lotado em uma final com o peso da nacional. É isso que me consome diariamente para trabalhar. Eu podia falar “ah, quero ir para a Seleção Brasileira”, mas não é isso que me motiva. Eu penso a curto prazo.
Você tem um brilho no olhar quando fala do Bahia…
Eu me empolgo muito mesmo (risos). E eu tento passar isso para os jogadores. Tento mostrar como a gente pode fazer o clube crescer. Não quero passar na história do Bahia, eu quero fazer história no Bahia. Eu estou aqui para vencer. Por isso que esse discurso de que clube nordestino é pequeno me incomoda. Tem que ter grandeza. Não é porque vou jogar com Cruzeiro, Flamengo e Corinthians que vou jogar com medo de perder.
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Raça e entrega em campo de Lomba encantam o torcedor tricolor
Você é um atleta jovem, mas muito maduro…
Futebol não é idade, é postura. Influencia muito o que você fala, o que pensa, como você enfrenta as coisas. Hoje eu tento ter postura e equilíbrio para me posicionar contra ou a favor de determinadas situações. É o que vai te dando respeito e tranquilidade para trabalhar.
E o que te ajuda a manter esse equilíbrio?
Eu sempre digo que a minha esposa é o meu ponto de equilíbrio. Ela é muito tranquila, muito zen. Ela prefere não se envolver muito. O Bahia ganhando ou perdendo, ela fica tranquila. Isso é importante, porque eu já me envolvo muito com tudo. Quando eu estou sufocado, começo a falar tudo para ela e vejo a tranquilidade no rosto dela, eu tento voltar a ser uma pessoa normal, não o goleiro que tem um jogo importante ou que perdeu um jogo que não podia ter perdido. Ela me dá muito equilíbrio.
E quais são seus planos para depois da carreira?
Eu sou do tipo que acompanha tudo no futebol. Vejo os programas esportivos, comentários, críticas, várias coisas, até porque pretendo continuar no esporte no futuro da minha carreira. Quero participar como comentarista, empresário, diretor de futebol, alguma coisa. Acho que na hora do estudo, soube abrir mão na hora certa. Na hora de investir na minha carreira, também.

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NA ESTRADA DA VIDA

Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
E ter paciência para que a vida faça o resto...

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