Cuidando Bem da Sua Imagem

Cuidando Bem da Sua Imagem
Sistema Base de Comunicação

GIRO REGIONAL

GIRO REGIONAL
UM GIRO NO NORDESTE

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

"O PT não sabe governar", diz João Alves; Valadares Filho diz que ele é retrocesso...



A disputa pela prefeitura de Aracaju (SE) tem um cenário diferente da maioria das outras capitais do Nordeste. Enquanto em Recife, Fortaleza e outras a base aliada do governo Dilma Rousseff dilui-se em candidaturas próprias do PT, PCdoB e PSB, na capital sergipana toda ela se concentra no jovem Valadares Filho (PSB), de 31 anos. Ele disputa o cargo contra o ex-prefeito e ex-governador João Alves Filho (DEM), líder nas pesquisas.
CartaCapital conversou com os dois principais candidatos. Aqui você lê a entrevista com Valadares Filho. Abaixo, a conversa com o candidato do DEM.
João Alves Filho é um velho conhecido da política sergipana. Engenheiro de formação, iniciou a vida pública nos 1970, ao ser nomeado prefeito de Aracaju pela ditadura. Teve três mandatos de governador e foi ministro do Interior do ex-presidente José Sarney. Por quatro décadas, se revezou no poder com a família Franco. Também disputou as últimas quatro eleições ao governo do estado e venceu uma (2002).
Tamanho recall político o faz, segundo os seus adversários, liderar as pesquisas em Aracaju. Na avaliação do próprio candidato, trata-se de um reconhecimento do seu trabalho e da insatisfação da população com a aliança de esquerda que governa a capital desde 2000 e o estado há seis, tendo o governador Marcelo Déda (PT) como principal expoente.  “São ótimos no discurso, mas péssimos administradores”, diz Alves Filho. Confira a seguir os principais trechos da entrevista concedida a CartaCapital.

Em Aracaju
A disputa pela prefeitura de Aracaju (SE) tem um cenário diferente da maioria das outras capitais do Nordeste. Enquanto em Recife, Fortaleza e outras a base aliada do governo Dilma Rousseff dilui-se em candidaturas próprias do PT, PCdoB e PSB, na capital sergipana toda ela se concentra no jovem Valadares Filho (PSB), de 31 anos. Ele disputa o cargo contra o ex-prefeito e ex-governador João Alves Filho (DEM), líder nas pesquisas.
CartaCapital conversou com os dois principais candidatos. Aqui você lê a entrevista com Valadares Filho. Abaixo, a conversa com o candidato do DEM.
——–

Os petistas “são ótimos no discurso, mas péssimos administradores”, diz João Alves Filho (DEM).
João Alves Filho é um velho conhecido da política sergipana. Engenheiro de formação, iniciou a vida pública nos 1970, ao ser nomeado prefeito de Aracaju pela ditadura. Teve três mandatos de governador e foi ministro do Interior do ex-presidente José Sarney. Por quatro décadas, se revezou no poder com a família Franco. Também disputou as últimas quatro eleições ao governo do estado e venceu uma (2002).
Tamanho recall político o faz, segundo os seus adversários, liderar as pesquisas em Aracaju. Na avaliação do próprio candidato, trata-se de um reconhecimento do seu trabalho e da insatisfação da população com a aliança de esquerda que governa a capital desde 2000 e o estado há seis, tendo o governador Marcelo Déda (PT) como principal expoente.  “São ótimos no discurso, mas péssimos administradores”, diz Alves Filho. Confira a seguir os principais trechos da entrevista concedida a CartaCapital.
CartaCapital: Seu principal adversário, Valadares Filho (PSB), é o representante do bloco governista que administra Aracaju desde 2000. Como o senhor avalia a gestão desse grupo?
João Alves Filho:
 Não gosto de fazer críticas aos adversários em época de campanha. Mas posso dizer uma coisa. O PT e seus liderados são excelentes no discurso, brilhantes até. Eles sabem falar bem, mas não são vocacionados para a administração. Governar exige habilidade para fazer os projetos saírem do papel, e isso eles não fazem. Transformar em realidade uma ideia, um sonho, é imprescindível. Déda é uma figura carismática, que representava a síntese de todas as esperanças de mudança que a população queria. Mudança virou uma palavra mágica, que contagiou o eleitorado. Só que as pessoas imaginavam que a mudança era para melhor, e não foi isso o que ocorreu. Todas as pesquisas qualitativas revelam que a população está insatisfeita.
CC: Quais são os principais problemas de Aracaju?
JAF: Fui prefeito de Aracaju há 37 anos. Era empresário, não tinha experiência de gestão pública. Mas fui convidado (pelo então governador José Rollemberg Leite, durante a ditadura)para resolver dois problemas que os engenheiros da época consideravam insolúveis. O primeiro deles é que Aracaju foi planejada na era das carroças pelo engenheiro SebastiãoPirro, que concebeu a cidade em um formado de tabuleiro de xadrez (no fim do século XIX). É um desenho bonito, mas ele não podia imaginar que, no futuro, os automóveis iriam surgir e aquelas ruas estreitas, com um cruzamento a cada 100 metros, seriam incompatíveis para o trânsito moderno. Na década de 70, isso virou um problema grave. Além disso, na medida em que a cidade cresceu, surgiram bairros isolados. Para ir de uma localidade para outra, era preciso passar pelo centro de Aracaju. A cidade tinha poucas avenidas e estava impedida de crescer.
CC: A mobilidade já era um problema 40 anos atrás…
JAF: 
Sim, mas havia outro ainda mais grave. Aracaju cresceu sobre uma vila de pescadores, avançando sobre os mangues. Na época não existia uma preocupação com o meio ambiente, os resíduos eram lançados diretamente nas águas, sem tratamento. Na década de 70, a situação tornou-se inviável. Todos os bairros da periferia e parte do centro da cidade inundavam a cada chuva. Os engenheiros mais antigos diziam que não tinha solução. Eu me formei em 1965, e sai da faculdade com a convicção de que era possível resolver a situação. Rollemberg conhecia minhas ideias. Depois de ser nomeado governador pelos militares, ele me chamou para administrar a cidade, com a missão de resolver os problemas urbanos de Aracaju. E foi o que fiz.
CC: Mas por que estamos falando da Aracaju dos anos 1970?JAF: Falo sobre esse período porque tem relação com os problemas atuais. Na época, contratamos o urbanista Jaime Lerner, que não era tão conhecido como é hoje, para fazer o planejamento estratégico de Aracaju. Com a explosão demográfica, ele planejou a cidade para resolver os problemas daquele momento, mas com olhos no futuro. Essa é a diferença entre uma cidade que cresce e outra que incha.
CC: Na sua avaliação, Aracaju atualmente é uma cidade que incha e não cresce?
JAF:
 Não existe projeto milagroso, mas este que fizemos nos anos 1970 foi tão bem feito que suportou o crescimento da cidade por mais de 20 anos. Quando fui prefeito de Aracaju, a cidade tinha menos de 200 mil habitantes. Hoje, são 580 mil. Quase triplicou. E temos cidades literalmente ligadas a Aracaju, como São Cristóvão, Nossa Senhora do Socorro e Barra dos Coqueiros. Se somar a população dessas cidades, temos 840 mil habitantes. Aracaju é o grande pólo, concentra as indústrias, o comércio, os melhores colégios e hospitais. Toda essa população transita pela capital. Portanto, o prefeito de Aracaju, hoje, governa para uma população quatro vezes maior que a da capital que eu governei nos anos 70. Mas eu deixei Aracaju sem uma única poça de água. Cerca de 60% do orçamento da cidade na época eu investi em projetos de drenagem, para evitar alagamentos. Nós fizemos 14 avenidas. Em três décadas, os demais prefeitos não fizeram nem um terço disso. Como não houve mais nenhum planejamento urbano, a cidade inchou. Hoje, Aracaju não cresce. Ela incha.
CC: Esse é o grande problema então? Falta de planejamento?
JAF:
 De uns tempos para cá, os marqueteiros passaram a ter muita influência sobre as campanhas políticas. Dizem para o candidato o que a população quer ouvir de proposta. Mas um líder verdadeiro faz aquilo que é necessário, mesmo que possa contrariar a vontade imediata da população. É por isso que os prefeitos investem pouco nas obras debaixo do chão, como esgoto, drenagem, abastecimento de água. São obras que não dão voto, porque ninguém vê. A Organização Mundial da Saúde diz que para cada dólar investido em saneamento básico, economiza-se quatro dólares em saúde pública. Mas quem dá ouvidos? Desde que deixei a prefeitura, não vi um único grande projeto de drenagem de Aracaju, e a cidade voltou a sofrer com enchentes ou inundações. Muitas ruas daqui tem o melhor tipo de pavimentação, mas não tem tecnologia de drenagem.
CC: E o que o senhor propõe para resolver o problema?
JAF:
 Recentemente, fui dar uma palestra aos profissionais da área imobiliária. Eles reclamavam porque a zona sul, hoje chamada de “zona de expansão”, a única para onde Aracaju pode crescer, está embargada na Justiça. Há dois ou três anos, o Ministério Público barrou novos empreendimentos na região. Eu não tenho como enfrentar os promotores. Embora discorde de uma ou outra decisão deles, em relação a isso eles estão certos. Como vão permitir novas construções em uma área que tem constantes alagamentos? Mas essa é a área de expansão natural da capital. Antes de brigar com o Ministério Público, precisamos fazer a nossa parte: drenar aquela área e fazer um plano estratégico para a criação de um bairro modelo. Como ocorreu com o bairro Coroa do Meio, que era uma área completamente abandonada. Urbanizei toda aquela região.

CC: Quais são os outros desafios da capital?
JAF:
 Temos quatro prioridades. Uma delas é o desenvolvimento urbano, que abarca transporte coletivo, obras para melhorar o trânsito, cada vez mais parecido com o de São Paulo, e criação de áreas verdes e de lazer. Outro ponto crucial é a segurança. Com a intensificação do combate ao crime organizado em regiões metropolitanas como a de São Paulo e Rio de Janeiro, os bandidos estão migrando para outras capitais e para o interior. Para isso, é fundamental que a prefeitura abandone a ideia de que segurança é um problema do estado. Não, a cidade pode ajudar. A guarda municipal deve contribuir com esse esforço. Além disso, temos a saúde, que está absolutamente sucateada e a educação. Hoje, temos a pior avaliação do Ideb entre as capitais nordestinas. E eu vou investir pesado para melhorar a qualidade de ensino.
CC: Como melhorar a qualidade de ensino?
JAF:
 Os países que tiveram maior êxito em qualidade de ensino destacam a importância de uma sólida formação na primeira série do ensino fundamental. Porque é nesse período que o aluno é alfabetizado, aprende a fazer as quatro operações fundamentais da matemática. Quando fui governador, melhorei muito o quadro da educação fechando parcerias com três consultorias da iniciativa privada. Uma delas era o Instituto Alfa e Beto, que tinha um programa especial para o primeiro ano da escola. Trata-se de um projeto de padrão internacional, que garante que o aluno será devidamente alfabetizado e aprenderá a somar, subtrair, dividir e multiplicar. Até porque se o aluno não faz isso no primeiro ano, terá dificuldade de aprendizagem nos anos seguintes.
Outra parceria foi feita com o Instituto Ayrton Senna, que desenvolveu um programa de aceleração de aprendizado para os alunos que estavam com defasagem de série devido a reprovações. Em um ano, o programa recuperava até três anos de aprendizagem. Esses estudantes depois eram testados por uma consultoria independente e, por vezes, demonstrava-se que aprendiam em um ano mais do que os que cursaram os três anos regulares. Por fim, nos aliamos também com o Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG) para a qualificação dos professores e gestores da área educacional.
CC: E trouxe resultados?
JAF: Para você ter uma ideia, em 2003, quando assumi o governo do estado, apenas 25 dos 16 mil estudantes da rede estadual eram aprovados no vestibular da Universidade Federal do Sergipe. Quando terminamos o mandato, 1.250 alunos da rede conseguiam entrar na universidade pública. Por isso sou contra o sistema de cotas. Não precisa, basta melhorar a qualidade de ensino.
CC: O senhor falou longamente sobre os problemas urbanos da capital, mas se manifestou contra a licitação das empresas de ônibus, a primeira da história de Aracaju, e a aprovação do Plano Diretor, principal instrumento de planejamento…
JAF: 
Eu não sou contra o Plano Diretor. Mas isso é uma coisa de alta complexidade, que precisa de profissionais qualificados, não pode ser feito por amadores. O grupo que administra Aracaju está há 12 anos no poder. Somente agora, no último ano de mandato, no apagar das luzes do governo, querem aprovar a toque de caixa um Plano Diretor? O mesmo diz respeito à licitação do transporte coletivo. Por que não fizeram antes? Deixem essa responsabilidade para o próximo prefeito. Essas serão as primeiras providências que vou tomar se for eleito.
CC: Os seus adversários costumam destacar os vários processos dos quais o senhor foi alvo, como a Operação Navalha, na qual foi acusado de superfaturar as obras de uma adutora.
JAF: Em 37 anos de vida pública, é natural ser alvo de processos. Mas não tem uma única conta de gestão minha que não tenha sido aprovada. Nunca fui condenado nem tive gestões reprovadas no Tribunal de Contas, tanto o do estado como o da União, porque também fui ministro. A vida toda eu ocupei cargos executivos. É muito bonito você virar e dizer: “não tenho nenhum processo contra mim”. Ora, nunca administrou nada. Quando você comanda uma cidade, um estado, sempre tem um gaiato para te acusar de alguma coisa. Nunca fui condenado. Se algum adversário me chamar de desonesto, eu processo na hora.
CC: O senhor lidera as pesquisas com mais de 55% das intenções de voto, mas enfrenta um adversário que tem o apoio do governador e do prefeito. O senhor acredita esta que será uma disputa tão fácil como indicam as pesquisas?
JAF:
 Já enfrentei campanhas dificílimas e muito fáceis. Para mim, não muda nada. O que ganha eleição é ter trabalho para mostrar e gastar sola de sapato. Para mim não faz a menor diferença se meu adversário é forte ou fraco.



Valadares Filho: ‘Meu adversário é um retrocesso’

A disputa pela prefeitura de Aracaju (SE) tem um cenário diferente da maioria das outras capitais do Nordeste. Enquanto em Recife, Fortaleza e outras a base aliada do governo Dilma Rousseff dilui-se em candidaturas próprias do PT, PMDB, PCdoB e PSB, na capital sergipana toda ela se concentra no jovem Valadares Filho (PSB), de 31 anos. Ele disputa o cargo contra o ex-prefeito e ex-governador João Alves Filho (DEM), líder nas pesquisas.
CartaCapital conversou com os dois principais candidatos. Aqui você ler a entrevista com João Alves. Abaixo, a conversa com o candidato do PSB:
O desafio de Valadares Filho (PSB) é  grandioso – possivelmente o maior de sua incipiente trajetória. Com duas passagens pela Câmara dos Deputados, o parlamentar foi escolhido no fim de junho como o representante da aliança dos partidos de esquerda para disputar a prefeitura de Aracaju. Terá como principal adversário um candidato que figura há quatro décadas na política sergipana.
O jovem candidato socialista tem cacife alto. Conta com o apoio do PT do governador Marcelo Déda, do PMDB do vice-governador Jackson Barreto, do PCdoB do prefeito Edvaldo Nogueira e, claro, de sua própria legenda, cujo maior expoente no estado é o pai, Antonio Carlos Valadares, presidente da Comissão de Ética do Senado. Trata-se de um caso bem particular, em que as principais siglas da base de Dilma Rousseff estão unidas na disputa por uma capital, a despeito dos rachas que dissolveram alianças históricas em Recife, Fortaleza e Belo Horizonte.


Em Aracaju

A disputa pela prefeitura de Aracaju (SE) tem um cenário diferente da maioria das outras capitais do Nordeste. Enquanto em Recife, Fortaleza e outras a base aliada do governo Dilma Rousseff dilui-se em candidaturas próprias do PT, PMDB, PCdoB e PSB, na capital sergipana toda ela se concentra no jovem Valadares Filho (PSB), de 31 anos. Ele disputa o cargo contra o ex-prefeito e ex-governador João Alves Filho (DEM), líder nas pesquisas.
CartaCapital conversou com os dois principais candidatos. Aqui você ler a entrevista com João Alves. Abaixo, a conversa com o candidato do PSB:
——–

O candidato do PSB à prefeitura de Aracaju, Antonio Carlos Valadares Filho. Foto: Rodrigo Martins
O desafio de Valadares Filho (PSB) é  grandioso – possivelmente o maior de sua incipiente trajetória. Com duas passagens pela Câmara dos Deputados, o parlamentar foi escolhido no fim de junho como o representante da aliança dos partidos de esquerda para disputar a prefeitura de Aracaju. Terá como principal adversário um candidato que figura há quatro décadas na política sergipana.
O jovem candidato socialista tem cacife alto. Conta com o apoio do PT do governador Marcelo Déda, do PMDB do vice-governador Jackson Barreto, do PCdoB do prefeito Edvaldo Nogueira e, claro, de sua própria legenda, cujo maior expoente no estado é o pai, Antonio Carlos Valadares, presidente da Comissão de Ética do Senado. Trata-se de um caso bem particular, em que as principais siglas da base de Dilma Rousseff estão unidas na disputa por uma capital, a despeito dos rachas que dissolveram alianças históricas em Recife, Fortaleza e Belo Horizonte.

Apesar do sólido alicerce, a garantir 14 minutos diários no rádio e na tevê (quatro a mais que João Alves), a missão de Valadares Filho é espinhosa. Seu oponente lidera as pesquisas e, se a eleição fosse hoje, sairia vitorioso no primeiro turno. O jovem parlamentar não se abala: “João Alves tem um recall político enorme, mas tenho certeza que minha candidatura vai crescer e vamos ganhar essas eleições”.

CartaCapital: João Alves Filho (DEM) lidera as pesquisas e seria eleito em primeiro turno se a eleição fosse hoje. Mas o senhor tem uma sólida base aliada. Esse é o seu grande trunfo?
Valadares Filho: Sim. Tenho apoio do governador Marcelo Déda (PT), do vice-governador Jackson Barreto (PMDB), do prefeito Edvaldo Nogueira (PCdoB) e tenho o compromisso do ex-presidente Lula de participar da campanha. Se não puder subir no palanque, ao menos gravar o apoio para o programa da tevê ele vai. A Dilma eu não sei, mas o Lula estará conosco.

CC: O senhor é um jovem deputado, com 31 anos e apenas duas passagens pela Câmara. Como conseguiu o apoio de todos os partidos do bloco governista em torno da sua candidatura?
VF:
 Desde o início os partidos aliados mostraram a disposição de manter a unidade nestas eleições. Durante todo esse processo havia um único discurso: unidade. Independentemente de quem fosse o candidato ou o partido escolhido para liderar a campanha, havia o compromisso de o bloco permanecer unido. E os líderes partidários entenderam que era o momento do PSB, de escolher um candidato jovem, capaz de inovar a administração, de renovar os quadros do bloco. Aliás, quero destacar o gesto de grandeza do deputado Rogério Carvalho, eleito democraticamente em prévia do PT e que abriu mão da candidatura para manter a unidade. Todos os partidos da base de Dilma estão juntos em Aracaju.

CC: A prefeitura de Aracaju é administrada pela aliança dos partidos de esquerda desde 2000. O governo do estado está com o PT há seis anos. O que explica esse ressurgimento da direita?
VF: Nós não tínhamos um candidato natural. Demoramos muito tempo para apresentar a minha candidatura. Por isso, considero natural que o João comece a disputa na frente. Ele está na política desde a década de 1970, quando foi nomeado prefeito pela ditadura. Teve três mandatos de governador e foi ministro do Interior de José Sarney. Disputou as quatro últimas eleições para o governo do estado e venceu uma (2002). Tem um enorme recall político. Todos o conhecem. Mas não tenho dúvidas que vamos crescer e ganhar essas eleições.

CC: Em 2010, o governador Déda se reelegeu com o voto das cidades do interior. Na capital, perdeu para João Alves. Isso não é um sinal de que a população de Aracaju está insatisfeita?
VF:
 João Alves ganhou de Déda na capital por uma diferença de cinco mil votos, é praticante um empate técnico. E em todas as outras eleições que João Alves disputou tem sofrido derrotas em Aracaju, e por uma diferença significativa.

CC: Na sua avaliação, isso não reflete uma rejeição às administrações do prefeito Nogueira ou do governador Déda?
VF:
 O governo tem problemas pontuais, é natural que eles existam. Mas é inegável que Aracaju, nos últimos dez anos, cresceu. Aracaju está mais moderna, desenvolvida. Está mais limpa, bonita. Tem investimentos nos bairros. Temos problemas pontuais na saúde, no transporte, no trânsito, na mobilidade urbana. Sabemos os gargalos que temos de enfrentar.

CC: Por que o senhor quer ser prefeito de Aracaju?
VF:
 Para melhorar ainda mais a qualidade de vida da população. Administrar a cidade de uma forma moderna, com uma gestão inovadora, como o nosso partido tem feito em outras capitais. Quero representar uma geração que trouxe uma nova forma de administrar Aracaju. Fazer investimento em tecnologia, numa gestão pública modernizada e com respeito ao meio ambiente. Esse serão os principais eixos da nossa administração.

CC: Quais são os principais desafios da capital?
VF:
 A saúde é um dos maiores. Trata-se de um problema nacional, mas que podemos dar contribuições. Um dos principais gargalos é a demora para marcar consultas e exames clínicos. Hoje, os exames são terceirizados. Os laboratórios particulares estão sobrecarregados com a demanda do Sistema Único de Saúde e os resultados demoram muito para serem apresentados. Muitos pacientes desistem no meio do caminho ou, quando o exame fica pronto, talvez a intervenção médica já não seja mais tão eficaz.

CC: O que fazer para resolver esse problema?
VF: Podemos construir um laboratório próprio da prefeitura, investir em tecnologia. Nada impede de fechar parcerias com o setor privado, mas os exames não podem mais demorar de 20 a 30 dias para ficar prontos. E não me refiro a exames complexos. Demora todo esse tempo mesmo para chegar o resultado de um simples exame de sangue, fezes ou urina. Não dá. Também sofremos com a falta de médicos e profissionais da saúde. Precisamos abrir concursos públicos para contratar mais gente e tornar a carreira pública atrativa, porque muito médico ou enfermeiro prefere trabalhar na iniciativa privada, que oferece melhores salários e possibilidade de crescimento.

CC: Há poucos profissionais da saúde concursados?
VF: Sim. Temos de valorizar o serviço público, para que os profissionais da área optem por fazer concurso público. Também temos problemas de logística na distribuição de medicamentos. Às vezes, falta um remédio em um hospital, mas tem no almoxarifado ou está sobrando em outra unidade de saúde. Pretendemos criar um sistema único e informatizado, de forma a gerenciar melhor os estoques. Além disso, vamos construir ou ampliar unidades de saúde em bairros que estão desassistidos ou com sobrecarga de atendimento. O conjunto Agusto Franco, por exemplo, tem 80 mil habitantes e um único posto de saúde.

CC: Quais são os projetos para a mobilidade urbana?
VF:
 Vamos trazer o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e modernizar o transporte público de Aracaju. Essa obra custará cerca de 200 milhões de reais. Será feita em parceria com o governo federal e por meio de financiamento do BNDES. Queremos atrair a classe média, fazer com que mais pessoas optem pelo transporte coletivo, em vez de usar o carro para ir para qualquer lugar. O trânsito de Aracaju está ficando cada vez mais lento. Para ir do bairro do Atalaia, onde estamos agora, até o centro da cidade no horário de pico, vamos demorar no mínimo 30 minutos de carro. Quando eu era estudante, fazia esse percurso em 10 minutos. Ou seja, nos últimos 15 anos, com tanto carro nas ruas, os trajetos estão demorando duas ou três vezes mais.

CC: O que mais será feito para melhorar o trânsito da capital?
VF: Além de investir no transporte de massa, vamos investir em infraestrutura, ampliação da malha viária. Elevados, pontes, viadutos, tudo em parceria com o governo federal pelo PAC da Mobilidade Urbana. Pretendemos criar ainda, dentro da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), um órgão específico de engenharia de trânsito, para detectar os gargalos do trânsito para identificar pontos críticos, gargalos, e propor obras ou intervenções para fazer fluir melhor o trânsito. Um órgão de engenharia semelhante à CET de São Paulo.

CC: O senhor fala em grandes obras públicas, mas esse é o principal mote da campanha de seu adversário, João Alves.
VF:
 Tem obras que são necessárias, indispensáveis. Mas o foco é no transporte público. Não vamos fazer obras por fazer. Faremos as que forem necessárias, mas sempre pensando na mobilidade.

CC: Quais são os principais problemas da educação?
VF:
 Hoje, cerca de 89% das crianças de zero a três anos estão com déficit de creches. Vamos construir ao menos 5 creches e reduzir esse déficit pela metade. Temos 29 mil analfabetos com mais de 15 anos em Aracaju. Vamos criar projetos de alfabetização e oferecer a esses mesmos alunos cursos profissionalizantes, como construção civil, pintor, cabeleireiro, manicure. Até porque esses cursos são muito bem sucedidos em Aracaju: 80% dos estudantes já saem empregados. Outra questão importante é a recuperação das escolas municipais. A prefeitura já iniciou a reforma de várias delas, mas precisamos ampliar isso. Poucas escolas particulares têm estrutura tão boa quanto às municipais que já foram recuperadas. Também precisamos melhorar a relação com os professores, não só valorizar carreira, melhorar os salários, mas abrir o diálogo constante deles.

CC: Aracaju não tem tantas favelas como outras capitais do Nordeste, mas o que será feito para reduzir o déficit de moradia?
VF: Hoje, o déficit é estimado em 18 mil casas. Pelo programa Minha Casa, Minha Vida, desenvolvido em parceria com o governo federal, vamos construir 6 mil unidades habitacionais para famílias com renda de zero a três salários mínimos. Fora os investimentos para reassentar famílias que moram em áreas de risco, encosta de morros e palafitas.

CC: O senhor fala muito em parcerias com o governo federal, mas a prefeitura tem recursos para bancar todos esses projetos?
VF: Temos um orçamento de 1,2 bilhão de reais por ano e uma capacidade de endividamento de 1 bilhão de reais, por meio do BNDES, Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento. A folha de pagamento do funcionalismo representa 45% do orçamento, vamos herdar uma prefeitura saneada. Note a diferença: Em 2006, o nosso orçamento era de 650 milhões de reais. Em seis anos, dobramos. Temos recursos para investir. Serão 250 milhões de reais do próprio Tesouro municipal, 350 milhões em convênios com o governo federal e outros 740 milhões em empréstimos. Poderíamos financiar até 1 bilhão de reais, mas queremos deixar uma prefeitura saneada, assim como a que o prefeito Edvaldo Nogueira está deixando.

CC: Na sua avaliação, Aracaju está no rumo certo?
VF:
 Nos últimos 12 anos, Aracaju se transformou numa cidade que cada vez gera mais emprego, atrai mais turistas, investe nos bairros da zona norte, da periferia. Uma cidade que teve uma preocupação maior de cuidar das pessoas, com forte investimento social. O que está em jogo é a continuidade do que está dando certo, melhorar o que precisa e inovar na gestão. A eleição de João Alves representa um rompimento desses avanços. Um retrocesso. Ele tem dito que vai paralisar obras da atual gestão, que é contra a licitação das empresas de ônibus, que não concorda com a aprovação do Plano Diretor da cidade.

CC: Mas, nas últimas pesquisas, ele aparece com mais de 60% das intenções de voto válidas. É possível virar o jogo?
VF: A disputa será dura, muito difícil, mas vamos vencer. O povo de Aracaju é inteligente, saberá diferenciar. Nomeado pela ditadura, João Alves administrou Aracaju privilegiando a especulação imobiliária. Naquele momento, isso até trouxe algum benefício para Aracaju. Novas avenidas, novos prédios. Mas a situação hoje é outra. Um prefeito não pode se preocupar só com obras, tem de cuidar das pessoas, fazer investimentos sociais, se modernizar. E isso ele não demonstra estar disposto a fazer.


CARTACAPITAL

Nenhum comentário:

NA ESTRADA DA VIDA

Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
E ter paciência para que a vida faça o resto...

AS MAIS COMPARTILHADAS NA REDE

AS MAIS LIDAS DA SEMANA