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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

BOMBEIROS




Estas são horas de aflição e muitas outras já tem havido: o fogo, assaltante sem carteira profissional e com fúrias desmedidas, tudo leva e nada deixa. O que lhe aparecer pela frente é faca em manteiga neste calor de verão. Por mais que o queiram travar, poucas vezes ele permite que o domem. Nesse combate desigual, um grupo de gente valente lhe faz frente: os voluntariosos soldados da paz, esses homens e mulheres sem medo e cheios de coragem, valentia, bravura, entusiasmo e solidariedade.

Com experiência, dedicação e saber, tudo fazem para salvar os nossos bens e haveres e até os nossos corpos. Entregues de alma e coração a essa nobreza de funções, para essa gente não há dia, nem noite, sábados ou domingos, férias ou tempo de trabalho, cama ou jardim que impeça a ida serena, calma,  sempre altruísta, decidida, responsável e arrojada.

Dizemos isto, porque conhecemos bem a "massa" com que é feito este naipe de nossos irmãos, o mais puro que há nas nossas sociedades. Vimo-los correr para o fogo, quase sem se despedirem da família. Assistimos a idas suas para a estrada, mal a sirene tocava, porque o seu sangue lhes dizia que outro se vertia no alcatrão e tudo era preciso fazer para evitar que se derramasse de todo. Sabemos que deixavam de dormir para acudir a quem sofrera um AVC, ou uma simples indisposição.




Contactamos com as suas múltiplas idas para a serra a arder, sem horário de partida, nem de chegada. Por tudo isto, compreendemos a revolta e os berros que dão, quando se vêem no terreno de combate aos incêndios enquadrados e comandados por quadros de estufa, por gente de farda reluzente e ar de cidade, a quem falta esta mística do voluntariado conhecedor e a quem sobram galardões e bonés estrelados. Se nada temos contra estas estruturas, também pouco nos dizem, a nós que temos nos Bombeiros Voluntários a nossa referência maior,  no que toca à luta tenaz e heróica contra fogos florestais.

Ano após ano, é sempre a mesma coisa: a Autoridade Nacional da Protecção Civil [ANPC] vai, em bons automóveis, para aquilo que chamam o teatro das operações; munidos de telemóveis e rádios topos de gama, de mapas psicadélicos, em carros-sala de comando, tudo querem controlar. Mas, lá no fundo da mata, onde o fogo queima e os tojos ardem, onde as árvores  rebentam com tanta chama e as fagulhas traem as trajetórias previstas, que o vento não se compadece com a maravilha dos computadores, lá, andam os nossos Bombeiros, os da pá e da picareta, da mangueira e das máscaras, se as há, aliás...

É sempre assim. Por aquilo que sabemos e por aquilo que vemos em cada fogo, escusam de nos vir com conversas de treta porque quem sabe da poda é o podador. Neste caso, o Bombeiro e o seu Comando. Ponto final!





Chega de experiências de gabinete. Em incêndios, a liderança das operações só pode ter, na sua cabeça, homens de farda voluntária, de tarimba feita de muita dor e muita prova de esforço em pleno mato e terreno de suas terras. Nada disso se passa  com quem vem do ar condicionado, por mais  respeito que devamos ter por esse pessoal de fardas vistosas. Ali chegados, é o desastre completo: nada conhecem de caminhos, nada sabem das pedras  que podem encontrar, dos valados a atravessar. Os traços azuis das cartas são muito bonitos, mas não passam de desenhos virtuais!

Compreende-se, por isso, os desabafos de Jaime Soares, Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, quando diz, no rescaldo dos terríveis incêndios da Madeira e do Algarve,  que toda esta estrutura, "ultrapassada, burguesa e elitista" (a ANPC), tem de ser repensada e refundada. Acrescentamos: extinta, de alto a baixo.




Contrapondo uns Bombeiros solidários e anónimos, mas voluntariosos e determinados, dá a receita ideal. 

Deixa no ar ainda outras óbvias conclusões: à falta de corretas medidas de prevenção, planeamento e ordenamento florestal se deve o descalabro dos incêndios anuais.

Podemos ainda trazer outros argumentos para cima da mesa desta urgente (e sempre adiada) discussão: como se não aplica, nem que seja pela prevista medida coerciva, a lei da limpeza de cinquenta metros em redor de moradias, o perigo para as nossas casas está sempre à espreita!

Como muito há a fazer, tudo aquilo que só apareça em tempos de calor cheira a esturro e terra queimada, o melhor, o ideal, a prevenção autêntica, é tarefa de um ano inteiro.

E o Comando das Operações, na altura das grandes refregas, pertence aos Bombeiros e a mais ninguém!

Quem vier de outros quadrantes, que se apresente para colaborar, nunca para mandar!...

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NA ESTRADA DA VIDA

Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
E ter paciência para que a vida faça o resto...

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